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quarta-feira, 22 de dezembro de 2010

O surgimento de Zico

1974 - A vitória do sofrimento

Mantendo a base da equipe que cumprira boa campanha no campeonato brasileiro, quando foi o 6º colocado, o Flamengo começa a competição seguindo a política de mesclar jogadores experientes com a elogiada base que vinha subindo. Assim, o treinador Joubert tinha à sua disposição uma espinha dorsal formada pelo polivalente lateral Rodrigues Neto, o cerebral meia Zé Mário – líder do time em campo – e o raçudo atacante Doval, além do seguro goleiro Renato. Mas o que empolgava eram os garotos, como o elegante meia Geraldo, o voluntarioso lateral Vanderlei (hoje, o consagrado treinador Wanderley Luxemburgo), o aguerrido zagueiro Rondinelli, o arisco atacante Rui Rei e, o melhor de todos, o ponta-de-lança Zico, que finalmente chegava ao time titular, depois de ser pouco aproveitado por Zagallo em 1972 e 1973. A percepção era de otimismo com a equipe.

O campeonato daquele ano seria disputado em três turnos, com o campeão de cada turno ganhando o direito de ir às finais. E na Taça Guanabara, que equivalia ao primeiro turno, o Flamengo deu dois sustos na sua torcida, empatando com o então fraco Bangu e perdendo para o Madureira. Depois, engatou uma seqüência de vitórias, mas uma derrota para o Fluminense (1x2) o tirou da disputa. O campeão acabaria sendo o surpreendente América, treinado por Danilo Alvim, que tinha como destaques os atacantes Luisinho Lemos e Edu, irmão de Zico.

No segundo turno, o Flamengo começou de forma arrasadora. Goleou justamente o América por 4x1, em grande atuação da dupla Doval-Zico. O argentino, aliás, era um dos grandes incentivadores do Galinho, e sempre que podia dava força ao garoto. Outra goleada (5x1), dessa vez contra o Madureira, deu a impressão de que o time finalmente engrenaria. Mas a equipe, muito jovem, ainda era irregular, e acabou empatando vários jogos, um deles contra o Campo Grande. Mais estável, o Vasco de Roberto Dinamite, Andrada e Zanata acabaria vencendo o turno.

Restava o terceiro turno. Ao Flamengo não havia alternativa, era o título ou nada. E o time novamente começou bem, ganhando dois clássicos (Botafogo e Vasco). Mas a equipe padecia contra os pequenos, eram jogos sofridos. Ganhou do Madureira no sufoco (gol de Zico no finalzinho), empatou com o Campo Grande e perdeu para o Bonsucesso. E ia tirando a diferença nos clássicos. Voltou à disputa depois de uma vitória suada diante do Fluminense (2x1) e chegou à decisão do turno contra o América, precisando de um mero empate. Mas o Diabo abriu o placar, e com muita raça o Flamengo virou para 2-1, com Zico marcando de falta o gol da vitória. Um dos fatores para o melhor rendimento da equipe foi a entrada, a partir do jogo contra o Madureira, de um garoto na lateral-direita. Seu nome: Júnior.

Assim, o título seria definido num triangular entre Flamengo, Vasco e América, campeões dos turnos. Exatamente uma semana depois, Flamengo e América se enfrentaram novamente, dessa vez pelo triangular decisivo. Jogo duro, suado, só foi decidido na segunda etapa. O Flamengo abriu o placar com o zagueiro Jaime. O placar seria ampliado com Júnior, chutando de longe. Quando a vitória parecia certa, o América diminuiu e pressionou muito no final. Mas o jogo terminou mesmo em 2x1.

Com o empate em 2x2 entre América e Vasco, o Flamengo foi para a finalíssima contra o cruzmaltino precisando apenas do empate. Armou um esquema cauteloso, de muita marcação, respeitando o adversário, então campeão brasileiro. Mas também criou chances, como num lance que Zico toca na saída de Andrada e o zagueiro Alfinete salva em cima da linha. O Vasco também assustou, perdendo várias chances, obrigando o goleiro Renato a trabalhar bastante. A final, tensa, lembrou um pouco da decisão de 1963, e o torcedor rubro-negro só explodiu quando soou o apito final. O empate de 0x0 foi suficiente. O Flamengo novamente ostentava o título de campeão, mostrando o acerto da filosofia de mesclar jogadores da base com veteranos.

***

O herói: O meio-campo Zé Mário, um leão no jogo final.

O destaque: A dupla Zico e Doval, responsável por 29 dos 42 gols do time. A genialidade de Zico e o ímpeto de Doval formaram uma dupla que até hoje dá saudades em muita gente.

O artilheiro do time: Zico, 19 gols.

A revelação: Júnior. O Flamengo empatava em 0x0 contra o Madureira, jogo duro pelo terceiro turno. Júnior entrou e mudou o time, que chegou ao gol a três minutos do fim. Jogando na lateral-direita (o titular no outro lado era o indiscutível Rodrigues Neto), não saiu mais do time, e ainda fez dois gols importantes, ambos contra o América, na decisão do terceiro turno e no triangular final, respectivamente. Júnior seria, anos mais tarde, um dos principais nomes da chamada “Era Zico”, em que o Flamengo ganhou tudo.

A curiosidade: O título de 1974 é celebrado como o primeiro de Zico como profissional. É uma meia-verdade, pois em 1972 o Galinho atuou em duas partidas, entrando no meio dos jogos, integrando, portanto, o elenco campeão daquele ano. De qualquer forma, 1974 assinalou a primeira conquista de Zico como titular e efetivamente jogando.

O gol: Vale mais pela beleza do que pela importância. Flamengo e Botafogo faziam um jogo apenas para cumprir tabela, pois já estavam eliminados do primeiro turno. O Botafogo faz 2x0, Zico diminui de pênalti e, aos 37’ do segundo tempo, dribla quatro adversários e fuzila na saída do goleiro, definindo o empate em 2x2. Muita gente garante que esse foi o gol mais bonito de Zico no Flamengo.

A melhor partida: Flamengo 3x1 Vasco (24/11/1974), no terceiro turno: um baile com direito a olé. O Flamengo abriu 2x0 com Paulinho e Zico, o Vasco descontou com Jair Pereira, e Doval marcou o terceiro, ainda aos 10’ do segundo tempo. Acabou ficando barato para o Vasco, que escapou da goleada.

Colaboração: Adriano Melo

Fonte: http://www.mkt.flamengo.com.br/reidorio/

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