A dupla Fla-Flu voltou a
protagonizar uma final de Carioca no ano de 1991. O Fluminense, treinado
por Edinho, foi muito bem na Taça GB e levou o caneco. O Flamengo,
depois do início irregular da garotada que tinha no veterano Junior a
sua referência, se arrumou para o returno, ganhou o título e, após bater
o Botafogo em jogo extra (1 a 0, gol de Gaúcho), chegou animado às
finais.
1991 - FLAMENGO CAMPEÃO - 4x2
Após
empate (1 a 1) na ida, veio a decisão no dia 19 de dezembro. Uma
quinta-feira à noite que levou um público menor do que o esperado, menos
de 50 mil. E a torcida do Fla, mais numerosa, viu seu time dominar
totalmente até Junior Baiano vacilar e Ézio pôr o Flu em vantagem.
Na
etapa final, o Tricolor teve tudo para ampliar com Renato, mas três
lances definiram o jogo. A lesão de Bobô, o gol de empate de Uidemar
quando ninguém esperava e a expulsão de Carlinhos Itaberá. Logo o Fla
virou com o “gol diferente” de Gaúcho, aos 25. O Flu ainda teve outro
expulso (Pires) e se perdeu de vez. O Fla marcou mais dois, sofreu um, e
esperou o juiz apitar o fim do jogo para dar a volta olímpica.
FLAMENGO 4x2 FLUMINENSE
LOCAL: Maracanã, Rio de Janeiro (RJ)
PÚBLICO: 49.975
ÁRBITRO: Cláudio Vinícius Cerdeira
Gols: Ézio, 37/1T (0-1), Uidemar, 12/2T (1-1), Gaúcho, 25/2T (2-1), Zinho, 32//2T
(3-1), Ézio, 33/2T (3-2) e Júnior, 38/2T (4-2)
Cartões vermelhos: Carlinhos Itaberá e Pires (FLU)
FLAMENGO:
Gilmar, Charles Guerreiro, Gottardo, Júnior Baiano, Piá, Uidemar,
Júnior, Nélio (Marcelinho), Zinho, Paulo Nunes, Gaúcho.. Técnico:
Carlinhos
FLUMINENSE: Ricardo Pinto,
Carlinhos Itaberá, Sandro, Júlio Alves, Marcelo Barreto, Pires, Marcelo
Gomes, Ribamar (Marcelo Ribeiro), Renato, Bobô (Márcio), Ézio. Técnico:
Edinho
OS DESTAQUES
NO FLAMENGOJúnior,
com 37 anos, se aposentaria após o Carioca. Mas saiu-se tão bem que
resolveu seguir a carreira, foi campeão brasileiro e até convocado para a
Seleção. Foi o cara. Mas o Fla era bem mesclado, com jogadores em alta
(Charles, Gottardo, Uidemar, Gaúcho e o goleiro Gilmar) e garotos que
viraram ídolos como Júnior Baiano, Djalminha, Paulo Nunes e Marcelinho.
NO FLUMINENSEBobô,
então um dos craques do futebol brasileiro, era o expoente daquele time
treinado por Edinho e que não tinha nem de longe a qualificação do
Flamengo, mas era muito bem arrumado. Porém, para qualquer torcedor
tricolor o ídolo máximo era o atacante Ézio, o SuperÉzio um dos maiores
artilheiros da história do Fluminense.
Flamengo deslanchou de vez quando Fluminense teve Carlinhos Itaberá e Pires expulsos (Foto:Reprodução/Youtube)
FLAMENGO - BATE-BOLA
'Fui o 'irmão mais velho' da garotada'
JÚNIOR
Cérebro do Flamengo em 1991
Como foi reger aquela “nova geração” que se impôs no Fla-Flu e conseguiu o título carioca de 1991?
O título foi uma consolidação daquela molecada que vinha bem dos juniores
após
a conquista da Copinha-SP de 1990. Eu, como último remanescente da
geração anterior, tinha a responsabilidade de ser um “irmão mais velho”.
Pessoalmente, o Carioca de 1991 teve uma importância grande no meu
lado pessoal e ligada ao meu filho. Ele sempre me perguntava “quando te
verei jogar no Maracanã?”. Foi um momento bem emocionante.
De que maneira a equipe soube reagir após ir para o intervalo em desvantagem?
Mesmo
atrás, a gente tinha maturidade para saber que sofremos o gol quando
estávamos jogando bem. Tínhamos condições de mudar o placar. Assim, aos
poucos, fomos conseguindo a virada.
Qual a importância do treinador Carlinhos para aquele time?
Muita.
Ele conhecia aquela molecada toda, e conseguia fazer um 4-3-3,
alternando nas pontas Nélio, Paulo Nunes, Marcelinho... E ainda tínhamos
o Gaúcho lá na frente e vivendo a sua melhor fase, com ótima cabeçada,
finalizando com eficácia e de tudo quanto era jeito.
O CLÁSSICO
'Fla de jovens e Júnior como mola mestra'
Trecho extraído do livro 'Fla-Flu - O Jogo do Século', de Roberto Assaf e Clóvis Martins, da Editora Letras & Expressões
A
chuva insistente que caiu durante a quinta-feira atrapalhou. O público
não chegou a 50 mil pagantes. Mas não foi capaz de prejudicar o toque de
bola do Flamengo, que venceu por 4 a 2, o primeiro sobre o Fluminense
desde 1972.
O Fluminense ficou na frente até os 12 minutos, quando o Flamengo iniciou sua reação. O gol de Uidemar desestruturou o Tricolor.
Nervosos,
seus jogadores provocaram suas próprias expulsões: com as saídas de
Carlinhos Itaberá e Pires, o Flamengo passou a mandar no jogo. Gaúcho
fez 2 a 1, Zinho ampliou, Ézio diminuiu, mas Júnior definiu o 4 a 2.
Terminada a partida, os tricolores abriram berreiro contra o juiz
Cláudio Cerdeira, culpan-
do-no pela derrota, mas esqueceram que tinham deixado Júnior manobrando as ações, sem ser importunado.
Aos 37 anos, o apoiador foi a ‘‘mola mestra’’ de uma equipe jovem que superou
obstáculos
com garra e união. Tanto o Rubro-Negro era superior que muitos de seus
jogadores fizeram fama. Gilmar e Zinho foram campeões da Copa de
1994, e Júnior Baiano, Djalminha, Paulo Nunes e Marcelinho defenderam grandes clubes.